Visão Geral
O Farview Global Alpha FIF FIM IE RL, que investe em ativos atrelados ao dólar sem hedge, caiu -2,86% em março, frente a -4,47% do MSCI World, +0,62% do Bloomberg Global Aggregate e à queda de -1,82% do dólar contra o real. No 1º trimestre de 2025, recuou -5,26%, ante -2,07% do MSCI World, +2,64% do Bloomberg Global Aggregate e -7,27% do dólar. Nos últimos 12 meses, o fundo acumula +20,65%, frente a +8,04% do MSCI World, +3,05% do Bloomberg Global Aggregate e cerca de +18% de valorização do dólar frente ao real.
Desempenho Durante o Liberation Day
Em 2 de abril, o presidente dos Estados Unidos, Trump, anunciou uma nova estratégia tarifária, impondo tarifas universais a todas as importações1, bem como tarifas “recíprocas” específicas para certos países, declarando o dia como o “Liberation Day”. O anúncio marcou o início de uma guerra comercial global e desencadeou um colapso nos mercados acionários mundiais. Após o Liberation Day, a estratégia sofreu algum impacto da maior volatilidade do mercado. Em meados de abril, o Farview Global Alpha apresentava uma queda de aproximadamente 1,2%, em comparação a um recuo de -6% das ações globais e um ganho de 2% na renda fixa global.
Embora as áreas nas quais a estratégia investe sejam impulsionadas por fatores idiossincráticos, distintos dos fatores que afetam ações e títulos tradicionais, elas não são imunes a períodos de estresse generalizado no mercado — especialmente durante dislocações abruptas, quando as correlações entre ativos aumentam e os benefícios da diversificação diminuem.
Este episódio foi ainda mais complicado por mudanças inesperadas nas relações macroeconômicas. Normalmente, um ambiente de aversão ao risco — caracterizado pela queda dos preços das ações e pela alta das taxas de juros — seria acompanhado por uma valorização do dólar americano. Contudo, neste caso, o dólar se depreciou, uma divergência notável em relação a padrões anteriores, o que aumentou ainda mais a incerteza do mercado.
Entre as alocações do Farview Alpha, as estratégias macro — tanto sistemáticas quanto discricionárias — foram as principais detratoras. Essas estratégias tendem a ter exposição positiva a momentum e, frequentemente, apresentam desempenho inferior durante reversões bruscas de mercado. Nesta ocasião, o contrapeso usual proporcionado por sinais baseados em fundamental value esteve ausente, particularmente porque a reação do mercado às tarifas propostas carecia de uma âncora de avaliação.
Períodos de desorganização acentuada do mercado, não motivados por fundamentos econômicos, muitas vezes levam a uma quebra temporária nos benefícios da diversificação. As correlações entre classes de ativos e estratégias tendem a aumentar, impactando não apenas exposições direcionais, mas também alternative risk premia. Por exemplo, em estratégias de merger arbitrage, os spreads podem se ampliar dramaticamente à medida que investidores questionam a viabilidade ou o timing das transações, mesmo quando os fundamentos das negociações permanecem sólidos. Isso ficou evidente na recente turbulência, quando a elevação da volatilidade resultou em uma redução indiscriminada de risco e dislocações em oportunidades que, de outra forma, eram fundamentadas.
Embora tais episódios possam impactar negativamente os portfólios no curto prazo, eles também costumam preparar o terreno para retornos futuros atraentes, à medida que os fundamentos se reafirmam e os risk premia se normalizam. Nesse sentido, o estresse do mercado pode atuar como um catalisador para reprecificações e a criação de pontos de entrada atraentes para estratégias com sólida fundamentação econômica.
À medida que os mercados assimilam novas informações e os fundamentos começam a se ajustar ao novo cenário macroeconômico, já começamos a observar sinais de recuperação da recente queda. Apesar da volatilidade recente, continuamos confiantes no posicionamento de longo prazo do portfólio e não antecipamos realizar mudanças significativas nas alocações. Permanecer investido durante a turbulência dos mercados é consistente com nossa filosofia, que valoriza a disciplina acima de reações impulsivas. Nosso objetivo é manter o curso — nutrindo as estratégias que continuam a demonstrar resiliência e potencial de retorno, enquanto mantemos um foco claro na criação de valor a longo prazo.
Destaques de Desempenho Durante o 1º Trimestre e Alguns Insights Específicos Sobre Abril
Nossa alocação sistemática em Global Macro apresentou um retorno resiliente no primeiro trimestre, com desempenho estável em março, mesmo em meio a condições macroeconômicas voláteis. Estratégias macro discricionárias impulsionaram os ganhos, principalmente através de operações táticas em bonds europeus e futuros de hipotecas nos Estados Unidos, complementadas por posições compradas em commodities. No entanto, perdas em estratégias quantitativas, especialmente provenientes de posições long em dólar americano e ações europeias, compensaram parte dos ganhos. Gestores discricionários navegaram pela intensa volatilidade em torno do Liberation Day de maneira mais eficaz, ressaltando o benefício da tomada ativa de risco em investimentos macro.
Nossa estratégia Asia Macro apresentou retornos positivos em março e também no primeiro trimestre, embora esses números escondam um início de abril mais turbulento. O fundo iniciou o período com uma postura construtiva em relação à China, apoiada pela melhora nos fundamentos, estabilidade de políticas e sinais de reaceleração econômica — posicionamento que sustentou ganhos robustos em 2024. Entretanto, a súbita escalada das tensões comerciais após as tarifas do Liberation Day e as medidas retaliatórias sem precedentes da China desencadearam severas desalocações de mercado. O timing da resposta chinesa — anunciada durante um feriado em Hong Kong — limitou a capacidade de reação do fundo, levando a perdas materiais, particularmente em exposições compradas em ações de Hong Kong e China. Stop-losses foram ativados em todo o portfólio, resultando no encerramento da maioria das posições compradas nos índices China H/A. Simultaneamente, reversões acentuadas nos mercados desenvolvidos — impulsionadas pelo anúncio inesperado de uma pausa tarifária de 90 dias — impactaram negativamente a exposição vendida em ações dos EUA e de Taiwan. Apesar desses desafios, algumas proteções e posições vendidas ajudaram a compensar parcialmente as perdas. O gestor recalibrou as exposições, mantendo a convicção em posições long em ações A-share da China, que podem se beneficiar de estímulos políticos.
A alocação em eventos na Europa apresentou retornos positivos em março e teve um desempenho sólido no primeiro trimestre, mostrando resiliência mesmo em meio à queda dos mercados acionários. A exposição do fundo a fusões e aquisições (M&A) europeias, incluindo operações bem-sucedidas em Banco Sabadell, Alliance Pharma e Banco Popolare di Sondrio, foi um dos principais impulsionadores do desempenho. Embora nomes como Dowlais Group e Banco BPM tenham prejudicado a performance, a baixa correlação com o mercado e a seleção criteriosa de operações continuaram a gerar retornos diferenciados em um ambiente desafiador.
A estratégia discricionária de market neutral focada em ações asiáticas apresentou desempenho positivo em março e forte performance no primeiro trimestre, resultando em retornos de 12,97% nos últimos 12 meses. A estratégia se beneficiou de posições compradas em ações selecionadas na China e na Índia, enquanto um disciplinado framework long/short manteve a exposição líquida ao mercado em níveis baixos. A equipe continuou realocando risco para a China, apostando em tendências de lucros melhores e reformas estruturais, ao mesmo tempo em que reduziu a exposição à Índia, onde os valuations pareciam esticados. A abordagem permanece enraizada na seleção de ações de alta convicção em um universo diversificado de Ásia ex-Japão. O desempenho acumulado em abril é positivo, apesar do aumento da volatilidade na região.
Nossa alocação em estratégias globais de equity market neutral também apresentou bom desempenho em março, aproveitando dislocações de mercado por meio de seu modelo de seleção de ações. Quatro das cinco estratégias proprietárias contribuíram positivamente, lideradas por Dynamic Valuation e Market Dynamics. A América do Norte foi o maior contribuidor regional, com ganhos adicionais provenientes da China e da França. Embora a exposição líquida vendida em Energia tenha prejudicado a performance, a seleção de ações em Materiais e Consumo Discricionário foi notavelmente forte. Tanto os livros de posições long quanto short contribuíram para o desempenho, reforçando o valor da abordagem equilibrada e neutra em relação ao mercado.
Nossa alocação em convertible arbitrage também registrou retornos positivos em março e no primeiro trimestre, dando continuidade ao forte histórico de retornos descorrelacionados e impulsionados por eventos. Os ganhos do mês foram liderados por posições idiossincráticas, como Coty e ReNew Energy Global, sendo o primeiro beneficiado pelo melhor desempenho das ações e o segundo por desenvolvimentos positivos em refinanciamento. As exposições de convertible arbitrage, incluindo Arcelik e Coherus Biosciences, também contribuíram positivamente, enquanto a proteção do fundo em ações preservou o capital durante a volatilidade de mercado. Entre os detratores, estiveram os bonds da MicroStrategy e Liberty Interactive, impactados por fatores técnicos do mercado e novas emissões. A estratégia continua a expressar suas principais convicções em crédito protegido, situações especiais e volatilidade, com mais de 125 estratégias de trading e uma duração moderada de portfólio. Com uma combinação equilibrada de sensibilidade a crédito e a ações, e foco em distorções de estrutura de capital, a estratégia permanece bem posicionada para se beneficiar da contínua dispersão e elevada atividade de emissões em convertibles e special situations.
Perspectivas
Após um forte primeiro trimestre para o Farview Alpha, as tensões geopolíticas exacerbadas pelo Liberation Day em abril aumentaram a volatilidade dos mercados globais, tornando o ambiente mais desafiador. Apesar da maior turbulência do mercado, permanecemos comprometidos com a abordagem multiestratégia, que ajudou a suavizar o impacto das oscilações bruscas do mercado. À medida que encerramos o mês, já observamos sinais de recuperação; permanecemos confiantes em nosso posicionamento e na criação de valor de longo prazo do fundo.
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Uma tarifa-base de 10% aplicada a todas as importações, com exceção do Canadá e México